sábado, junho 03, 2006

O Plano Maior de Noel Gallagher




















Quem me conhece um pouco melhor sabe que eu não acredito em milagre, acredito no acaso; Que não vejo grandes utilidades na astrologia, mas sim na astronomia; Que um dos meus livros de cabeceira não é a Bíblia, mas sim “O Anticristo”; Que uma das minhas séries favoritas não é “Jesus” (ou algo do tipo), mas “Cosmos”.

Pois bem, para quem não entendeu ainda, resumo: sou um cara bastante cético. Elocubrações não são comigo. Bem que eu gostaria de acreditar nessa conversa fiada toda. Acho que seria bem mais fácil enfrentar a vida. Se algo desse errado a culpa não seria minha, mas dos astros; Eu não iria morrer, apenas trocaria essa vida por uma outra melhor; O Senhor seria meu pastor e nada me faltaria.

Felizmente (ou não), não consigo ser como o Cypher de “Matrix” e comer uma carne falsa e, apenas pelo sabor bom, fingir que ela é real. Mesmo assim, com toda minha descrença, algumas coisas, por breves momentos que sejam, conseguem despertar em mim um “algo mais” espiritual. Sinto uma coisa que eu não sei descrever direito, mas que me da fé, esperança e vontade de acreditar numa instância superior. Um desses rápidos instantes é quando ouço a música “The Masterplan” escrita pelo Noel Gallagher, o irmão genial, do Oasis.

Não à toa, Noel considera essa canção seu melhor trabalho já produzido. E olha que ele tem na bagagem pérolas como “Live Forever”, “Slide Away”, “Aquiesce” e “Wonderall”, entre outras tantas. Mas em “Masterplan” ele realmente se supera.

A Música
Tudo começa com um baixo bem alto, que chama a atenção com sua vibração, e com um violão tocando calmamente. Depois vão sendo adicionadas algumas notas de um teclado, outras de uma guitarra e um violino ao fundo. Tudo muito quieto e belo.

Então Noel começa a cantar no mesmo tom contido da música: “Take the time to make some sense/Of what you want to say/ And cast your word away upon the waves./Sail them home with acquiesce/On a ship of hope today/And as they land upon the shore/Tell them to fear no more/Sing it loud and sing it proud today/ (“Leve o tempo necessário para explicar/ o quê você quer falar/ e jogue suas palavras nas ondas/ Veleje-as para casa sem objeção/ em um navio de esperança hoje/ e assim que elas desembarcarem na costa/diga para que elas não sintam mais medo/Cante alto e canto orgulhoso hoje...)

Entra o refrão e o ritmo acelera um pouco e a música cresce com a entrada de metais. Noel canta alto e orgulhoso: “Dance if you wanna dance/ Please brother take a chance/You know they’re gonna go/ Wich way they wanna go/ All we know is that we don't know/How it's gonna be/Please brother let it be/Life on the other hand won't make us understand/We're all part of the masterplan.(Dance se você quer dançar/ Por favor irmão arrisque-se/Você sabe que elas irão/o caminho que elas quiserem ir/ Tudo o quê sabemos é que não sabemos/ Como vai ser/ Por favor irmão deixe ser/A vida. por outro lado, não irá nós deixar entender/Nós somos parte de um plano maior.)

Está entendendo porque a música me faz sentir “maior”, “mais elevado”? Calma, ainda falta. Tem mais beleza ainda.

Após o fim do refrão o ritmo desacelera, parecido com o início, mais algo da última parte se manteve. Já a letra vai cada vez mais se supera: “I'm not saying right is wrong/It's up to us to make/The best of all the things that come our way/Cos everything that's been has past/The answer's in the looking glass/There's four and twenty million doors/On life's endless corridor.(Eu não estou dizendo que o certo é errado/ Depende de nós fazer/ O melhor das coisas que surgirem em nosso caminho/ Porque tudo que foi passou/ A resposta está no espelho/ Há quatrocentos e vinte milhões de portas/ No corredor sem fim da vida.)

Depois desse exemplo da maravilha que um ser humano é capaz de criar, segue-se novamente o refrão e após ele a música explode com grande energia. Os metais, violinos, guitarra e bateria vão até o seu ápice, até que tudo volta exatamente para como estavam no começo. Vão, então, lentamente diminuindo e cessam em um acorde de guitarra. É o fim da canção que, assim como a vida, vai crescendo até o seu máximo, para depois, aos poucos, ir desaparecendo. É o fim da minha crença em um Plano Maior.

Obrigado por estes cinco minutos, Noel.
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Alguma música, filme, livro, pintura, qualquer coisa, faz vocês terem um sentimento parecido? Se sim (ou não), não deixe de contar.

Além disso, cometem à vontade enquanto ouvem essa e outras músicas na rádio sua Rádio Posh Punk!

4 comentários:

Gui disse...

Masterplan é uma música do CD que cito no post abaixo (santa bat-coincidência).

Vale ressaltar também os backing vocals do próprio Noel na musica.

Essa é umas daquelas músicas que o Liam gostaria de ter gravado e o Paul McCartney gostaria de ter feito. Nessa época o Oasis esbanjava seu poder de maior banda inglesa com apresentações com quase orquestras inteiras em programas de televisão.

Melhor que essa versão de Masterplan... é a versão do da própria no acústico da MTV (esse é um CDzinho misterioso por diversos motivos, um dia falo sobre ele) que conta com a participação de um musico (não descobri qual o nome dele) tocando gaita que acaba dando outra dimensão para a música.

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Anônimo disse...

Bem, não conheço a música e um dia dedico meu tempo a ouvir mais os irmãos gallaguer, até porque a pressão política é grande na minha vida (ai Sarinha!).....
Vou relatar obras que me deixam em transe:
-Literatura:
*O evangelho segundo Jesus Cristo (Saramago);
*Memorial do convento(Saramago);
*O ensaio sobre a cegueira(Saramago);
*Cem anos de solidão (G.G. Marquez);
*O Outono do patriarca (G.G. Marquez);
*Crime e Castigo(Dostoievski);
*Irmão Karamazóvi(Dostoievski);
*A insustentável leveza do ser (Milan Kundera);
*O lobo da estepe(Herman Hesse);

-Música:
*OK COMPUTER(RADIOHEAD);

Querem uma dica: alguem fale sobre este cd, que choverá comentários...

Thiago disse...

Masterplan é boa demais, rapaz! Concordo com o texto. Não supera Live Forever pra mim, mas minha história com essa música é outra...
Curti teu blog, bacanão!

Anônimo disse...

Fala cara, tudo blz?
Gostei do teu blog e vou acompanhar. ;)

Escolhi esse post pra comentar porque foi o único que li inteiro (logo o maior) e gostei muito, principalmente porque sempre gostei de Oasis.

Entendo muito pouco de música, espero aprender com teu blog.

E sobre coisas que fazem a gente pensar?
As obras de Orwell, Wonderwall e uma banda inglesa de indie, South. :)